FIBROMIALGIA.
A fibromialgia é uma síndrome que tem como característica dor músculo
esquelética difusa em sítios sensíveis à palpação, chamados tender
points (Haun et al, 2001; Pollak, 1999). Ela é
considerada uma síndrome, uma vez que engloba várias manifestações que podem
ocorrer simultaneamente em diferentes indivíduos. Fibro
é derivado do latim, e significa ligamentos,
tendões, tecido fibroso. O radical mio, que vem do grego, significa tecido muscular. Ainda do grego, algos
significa dor e ia
uma condição. Portanto, fibromialgia significa
uma condição dolorosa que provém de tendões, ligamentos e músculos (Prando e
Rogatto,2006).
A dor é
considerada difusa porque abrange pontos acima e abaixo da cintura, tanto do
lado direito quanto esquerdo do corpo. Estes pontos dolorosos estão dispostos bilateralmente,
tanto na porção anterior quanto posterior do corpo, sendo nove pontos do lado
direito e nove do lado esquerdo, totalizando 18 pontos de dor.
Ela não consiste de uma doença
inflamatória nem gera comprometimentos articulares ou causa deformidades.
Contudo, considerando seu caráter crônico, a fibromialgia causa impacto
negativo na qualidade de vida de seus portadores.
De acordo com Pollak (1999), Haun et al (2001), a teoria mais aceita
no meio científico é a de que esta síndrome é causada por uma alteração nos
mecanismos de modulação da dor, ou seja, uma disfunção do sistema nervoso
central (SNC) em regular a sensibilidade dolorosa. Com isso, o individuo.
pode apresentar uma diminuição dos níveis de serotonina
(neurotransmissor
do sistema descendente inibitório) e um aumento dos níveis de
substância P
(substância neuroexcitatória envolvida na condução da dor) no SNC.
De acordo com Cavalcanti et al. (2006), a fibromialgia acomete de
0,66% a 4,4% da população dependendo da característica do grupo, sendo mais
prevalente em mulheres do que em homens, principalmente na faixa etária entre
os 30 e 60 anos. Pelo estudo de Pollak (1999), o grupo etário mais acometido está
entre os 35 e 50 anos de idade, sendo predominantemente mulheres, independente
da etnia. Já Haun et AL (2001) e Antônio (2001) destacam que essa síndrome tem
ocorrência desde a infância até em adultos entre 60 e 70 anos. Seu diagnóstico
é feito geralmente entre os 40 e 50 anos, sendo que os sintomas surgem por
volta dos 29 aos 37 anos, com uma média de 9,3 anos entre o início dos sintomas
e o diagnóstico da doença (Antônio, 2001).
Embora em alguns casos haja a necessidade de lançar mão de medicamentos
para o controle dos sintomas relacionados à fibromialgia, as
alternativas
não-medicamentosas podem apresentar algumas vantagens para o
indivíduo
fibromiálgico. Em relação aos métodos não medicamentosos de
tratamento
da fibromialgia, especialistas recomendam a terapia cognitivo-comportamental,
a eletroacupuntura e a hipnoterapia.
Além desses, alguns pesquisadores têm analisado os efeitos do exercício sobre o quadro do portador da síndrome. Assim,
a administração de programas de atividade física pode consistir na terapia mais
indicada aos pacientes portadores de fibromialgia, devido a seu grande efeito analgésico.
Além disso, a prática de exercícios físicos pode proporcionar melhora do
condicionamento físico e outros benefícios físicos, psicológicos e sociais.
Programas
de treinamento físico aeróbio e de força muscular têm induzido melhora de
quadros depressivos em indivíduos com depressão clínica (Brosse et al., 2002; Dunn,
Trivedi e O’Neal, 2001). Além disso, favorecimento no perfil de sono pode ser
observado pela prática crônica de esforço (King, 1997; Singh, 1997). Isto se
torna importante já que indivíduos portadores de FIBROMIALGIA tendem devido
a dor, desenvolverem quadro depressivo e
perda da qualidade e volume do sono.
EXERCÍCIOS E FIBROMIALGIA.

Revisões sistemáticas sobre o assunto têm apontado evidências de que o
treinamento aeróbio, prescrito em intensidades recomendadas
para aumentar a aptidão cardiorrespiratória, promove importantes
benefícios para fibromiálgicos, tanto em relação a aspectos de função física
quanto para os níveis de dor (Busch et al., 2008). Os mesmos autores destacam
que programas de treinamento de força apresentam evidências limitadas quanto à
melhora da sintomatologia dolorosa, bem-estar global, função física e tender
points. Dentre os trabalhos que abordaram os efeitos
de programas de flexibilidade, não estão estabelecidas influências da atividade
física sobre o
estado depressivo ou tender
points de pacientes com fibromialgia (Jones, 2002). Mais estudos
comparando treino de força e alongamento são necessários, mas ambos são
seguros e podem ser prescritos Valim, 2006.
Os exercícios aeróbios são os mais utilizados nos experimentos
que pretendem verificar os efeitos sobre os sintomas da FM.. Há, porém, relatos
de intervenções com exercícios de força Valim,
2006. e também intervenções com exercícios
de flexibilidade, geralmente realizados de 8 a 20
semanas de duração, mostrando efeitos terapêuticos Valim, 2006.
De acordo com Valim (2006), programas de atividades com
intensidades
de moderada a alta, definidos como aqueles capazes de
elevar a frequência
cardíaca até a frequência do limiar anaeróbio, foram os que conseguiram benefícios clínicos mais significativos,
reduzindo o limiar de dor e os sintomas psicoafetivos, tais como, estresse,
depressão e ansiedade em seus praticantes.
Voltamos a lembras que devido ao fato que normalmente esta população,
possuir um baixo nível de condicionamento físico, os programas de treinamento
devem evoluir gradativamente. Em relação ao treinamento de FORÇA – MUSCULAÇÃO,
isto é de suma importância, pois existe o fator de dor tardia, ou seja, é comum
que algumas pessoas sintam desconforto muscular em especial 24 a 48 horas após
as primeiras sessões de treino. Sendo assim é importante não confundir possível
dor muscular tardia a uma piora da dor Fribromialgica.
OUTRAS CONSIDERAÇÕES:
Bressan et AL,. 2008
destacam
que a adesão, ou seja, a continuidade da prática do exercício físico, é a
melhor maneira de se prolongar os ganhos terapêuticos para pacientes com FM.
Em alguns casos, o controle de sintomas da
fibromialgia, tais como fadiga, depressão, ansiedade, e vitalidade permanecem
por pelo menos seis meses após a intervenção com exercícios físicos Cedraschi et,al, 2004. Valim, 2006.
verificou que os benefícios associados aos exercícios aeróbios
(intensidade de 65 a 70% da frequência máxima) se manifestam geralmente a partir de dez
semanas de prática.
Gimenes et al,
analisaram
o efeito de quatro meses do método Watsu (terapia física realizada em flutuação
na água, que alterna massagem e alongamento) em pacientes com FM e evidenciaram
diminuição significativa da intensidade da dor e melhora do quadro depressivo.
Mannerkorpi e Iversen, 2001 realizaram
um estudo sobre exercícios aeróbios, flexibilidade e relaxamento na água, e
verificaram melhora no desempenho aeróbio, capacidade física, sociabilidade,
dor, fadiga e estresse em indivíduos com FM.
Van Santen et al.2002
estudaram
37 mulheres, onde um grupo realizou exercícios de alta intensidade (força,
alongamento e exercício na bicicleta ergométrica) e o outro grupo realizou
exercícios de baixa intensidade (força, alongamento e dança aeróbia), ocorrendo
uma melhora estatisticamente significativa”. no bem estar geral (de
aproximadamente 1 ponto em numa escala visual analógica, que varia de 1 a 10)
no primeiro grupo, que realizou exercícios de alta intensidade, comparado com o
grupo de baixa intensidade.
Já Assis et al.2000
estudaram
60 mulheres, divididas em dois grupos: um grupo realizou caminhada em piscina
aquecida e o outro grupo realizou caminhada ou corrida no solo. Como resultado
do estudo ocorreu uma redução significativa da dor (em média 36%) em ambos os
grupos após 15 semanas de estudo.
PROCURE SEMPRE A ORIENTAÇÃO DE
UM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A PRESCRIÇÃO E ACOMPANHAMENTOS DE
EXERCÍCIOS FÍSICOS.